Optchá meu Povo Cigano!!

Optchá meu Povo Cigano!!
Fatima Silva Amaya

Gitana Fatima Silva Amaya

11 de março de 2011

Uma Cigana


 
Exalto minha alma livre à liberdade!
Sob a luz do sol sigo meu destino
Alada à intuição digo a verdade.
No olhar o poder da sedução
Desvendo os segredos da magia
E da vida na palma da mão.
Com os fluídos da lua faço filtro de amor
Caminho pela vida sem jamais sentir rancor
Aos preconceitos, indiferenças e desamor.
Encanto a tristeza com promessas de amar
Enfeito meus dias, alegre a bailar
Em volteios do corpo envolto nas saias.
Sou filha dos ventos, amante das estradas
Sou mistério... inatingível,
Como uma estrela que ninguém pode tocar
A espera do meu amor.

Cigana Luzia

De cabelos negros, volumosos e com uma franja no limiar de suas sobrancelhas, a Cigana Luzia é distinguida por se vestir de vermelho e com algum toque em cor azul-marinho em seus trajes. Suas bijuterias são muitas e nada discretas, já na cintura costuma usar um cinto de moedas douradas ou um lenço triangular amarelo sem estampas e amarrado na diagonal. Todos os tons que ela usa tem um motivo específico legitimado por suas crenças ou superstições.
Contou-me que para ela o vermelho simboliza a força do sexo feminino, o azul-marinho se refere às atitudes firmes do sexo masculino, e o amarelo atrai a luz solar que não permite segredos entre um casal. Disse-me ainda que ao fazer o uso dessas três cores no cotidiano atrairá o equilíbrio amoroso para si. Esta cigana gosta de fazer seu feitiços para reatar relacionamento ou unir casais que anteriormente tiveram uma vida em comum, estes que acontecem em dois rituais distintos para o mesmo fim: um sob a benção do Sol e o outro sob a influência da Lua. A Cigana Luzia se compadece dos casais apaixonados que se dispersam por falta de segurança e confiança dentro da relação, e por este motivo se volta principalmente para este fim. Rejeita ajudar pessoas que não são fieis com seus parceiros e recusa oferendas das mesmas sem o menor pudor. Gosta de receber orações sem que estas sejam decoradas, e suas velas devem ser acesas em 3 com as combinações das tonalidades já citadas. Suas frutas prediletas são as secas e sua bebida é a champanhe.

Luzia dá a dica para que se use o “trio cromático” indicado por ela através de objetos juntos em casa para aproximar a harmonia necessária à estabilidade e evitar que o casal sofra eventuais inconstâncias.

Quando é que vamos disputar a próxima corrida?




Você venceu! Você chegou onde queria. Se lembra quando lhe disseram que a parada iria ser dura?Muitos nem tentaram. Muitos desistiram. Muitos desanimaram. 
Muitos falaram que não valia a pena. Mas você chegou onde queria. Foi difícil, a pista estava escorregadia. Quantas pedras no meio do caminho. Não eram todos que aplaudiam. 
Alguns o olhavam com olhar de descrença, diziam: - Coitado, é um sonhador. Bolhas nos pés, tênis apertado, o suor escorrendo pelo rosto, a ladeira íngreme, e o dramático instante da dúvida:- Paro ou continuo? Uma decisão apenas sua. 
Alguns estavam caídos de cansaço e tédio. Havia ainda um longo caminho pela frente, e havia mais curvas do que retas. Alguém o animou - Força, cara. Alguém o provocou - E agora, cara? Alguém tripudiou - Larga disso, cara. Lembra?, você teve uma enorme vontade de ir embora, de pegar suas coisas e dizer- Tchau mesmo, quero que tudo se lixe, pra mim chega, já dei minha cota, não tem mais jeito.





E virar as costas à luta, à incompreensão, ao sacrifício. Você teve vontade de ir para uma ilha deserta onde vertessem leite e mel. 
Você olhou em frente. O horizonte era uma sombra parda. Mas mesmo nessa hora tensa, pelo sim pelo não, você não parou de correr. Talvez tenha diminuído o tamanho do passo, porque ninguém é de pedra e o coração da gente não pode ser medido com trena e compasso. 
Mas você não parou porque sabia que no meio da multidão havia um recado mudo aguardando a sua decisão. De sua decisão dependia a esperança de gente que você nem conhecia. Então você tomou um fôlego, abriu o peito, e com os pés no chão e os olhos lá na frente, mandou ver. 
Não importava tanto a colocação. Você lutava para construir a sua parte no edifício do destino. E foi seguindo. Sem perceber, arrastou com seu exemplo muitos que pensavam em ficar no meio do caminho. E você venceu. Você chegou onde queria.
Ou você não venceu. Você não chegou onde queria. As coisas não deram certo, você tropeçou, havia um buraco, e outro buraco, e mais um buraco no chão feito de armadilha. Você caiu, rolou, ah, houve gente que riu! Alguém vaiou. Você não venceu. Você não chegou onde queria. Esfolou a pele, abriu ferida, em vez de estrelas o cobriu um manto cravejado de ridículo. O suor de seu rosto foi em vão. Em vão seus músculos latejaram. Tudo em vão. Apanhe seu embornal de mágoa, fique de mal com o mundo, abandone a pista. Você teve a tentação.
Mas na multidão alguém esperava seu gesto de conquista. Vamos, rapaz, esfregue a perna. Levante os ombros. Não deixe que se apague o brilho dos seus olhos. Escute o bater abafado do coração que insiste. Você está vivo, e não está vivo à toa.
Você se levantou, se lembra? E a vaia lhe soou como sinfonia. Recomeçou a corrida e quando, por fim, você chegou - não em primeiro, como sonhava - mas chegou, o suor de seu rosto parecia purpurina. Todos pensavam que você estivesse satisfeito por haver chegado. Então você recolheu os retalhos de suas forças e perguntou:- Quando é que vamos disputar a próxima corrida? E foi neste momento que você venceu e chegou onde queria.

Vida de Cigana


Longe das tendas de veludo, das roupas acetinadas e do brilho dos metais que favorecem um bom visual, a mulher cigana em sua grande maioria cultiva vida simples, ganha pouco, faz trabalhos temporários devido a não criar vínculos em terras alheias e ajuda no sustento de suas famílias; cuidando também de seus filhos, maridos e clãs. 
As calçadas e as ruas são locais por onde a mulher cigana procura um contato mais próximo com os não-ciganos, na qual se oferece para ler sorte, no entanto, a resistência e por vezes a repulsa e o medo de quem não conhece seu modo de vida, impede que ela aja de acordo com sua natureza batalhadora e trabalhadora, sem temor em enfrentar as dificuldades.
Uma cigana não representam perigo algum, ao contrário, há sempre de ter uma palavra de incentivo, uma dica de bom agouro que pode fazer o dia de um indivíduo bem mais alegre e ensolarado. Ao encontrar com uma não dê as costas, dê-lhe atenção, pois uma cigana sempre tem algo mais de sabedoria a nos dizer.